Aceita a cura ou Surta

A sensibilidade sentimental
Do cidadão de bem heterossexual
Ao ver no comercial
Um casal homossexual

Cospe seu preconceito irracional
Se esconde no livro sagrado ancestral
Uma pausa na evolução intelectual
Com sua falsa moral

A teoria heterossexual convencional
É de que se seu filho ver e um personagem eventual
Lgbt e com saúde emocional
Vai confundir sua sexualidade primordial

A verdade é que todo lgbt atual
Já foi uma criança passional
No mundo cheio de referência heterossexual
Que não transformaram sua sexualidade essencial

A família nacional tradicional
Assiste a Novela cheia de intriga boçal
Traição, vingança e abuso sexual
Com Adolescente como fetiche psicossocial

Brasil é líder no ranking mundial
De pesquisas em site imoral
De cunho de violência sexual
De criança, mulher e até animal

Não é o gay, a lésbica ou o bissexual
Que procura conteúdo ilegal
No limbo pegajoso virtual
Para sentir o prazer carnal 

E Se opor ao ensino sexual
Só beneficia o abusador em potencial
Que vê uma oportunidade especial
Em Uma criança que não identifica um toque anormal.

Sobrevivi

Cada ser humano a chorar
Na maternidade hospitalar
Com seus pequenos dedos a agarrar
O direito da liberdade desfrutar

Através dos anos infiltrar
Experiências complexas enfrentar
A personalidade desvendar
E o lugar no mundo procurar

A Rédea apertada a guiar
Bridrão de ferro a machucar
Antolhos de couro a cegar
Freio brusco a traumatizar

Lhe foi tirado o direito de pensar
É pecado seu jeito de se expressar
Sua família vai te abandonar
E o inferno vai te abraçar

Passar a vida a amputar
Parte da personalidade para encaixar
Nos conceitos social e familiar
Para a cada segundo sangrar

Ela quer o direito de se libertar
Ter paz para respirar
O nome social usar
Olhar no espelho e não chorar

A família não quis aceitar
Na sarjeta ela foi parar
Comendo restos para não desmaiar
Dormindo no frio do luar

Emprego ela não vai encontrar
Ninguém quer uma mulher transexual contratar
A prostituição é o que vai restar
E as drogas para sua dor calar

A escolha dela foi escapar
De quem a deveria amar
A prisão moral e familiar
Que a jogou na rua para agonizar

Algumas vão ser espancadas até a morte chegar
Queimadas vivas e facadas a  Rasgar
Outras a AIDS vai definhar
Tem aquelas que o frio e a fome vão matar

Mas existe aquela que a família vai apoiar
Muito amor e carinho vão dar
Ela vai o mundo enfrentar
E ajudar as amigas a levantar

Porque ela sabe que quando voltar
Para casa a família vai encontrar
Mesmo quando alguém a tentar matar
No colo da mãe a paz vai encontrar.

Indicação de música para leitura
Indicação de música para refletir

Quem vai queimar?


Ao longo da história a demonizar
Na fogueira vivas a queimar
Afinal mortos não podem falar
E a justiça não podem reivindicar

Esse conceito milenar
De que a morte pode justificar
A monstruosidade acobertar
E a mulher deve se calar

Parasitas a se alimentar
De vítimas humilhadas a se calar
Não estamos seguras na maca hospitalar
Na cama de casa ou no caixão a selar

Bebês no berço a sangrar
Depois de seu pai os Violar
Nem as de cinco anos vão escapar
E a de dez a engravidar

A garota da faculdade a voltar
No meio do mato a gritar
Com um desconhecido a rasgar
Sua pele até seu útero desintegrar

A grávida dando a luz a sedar
Sua vulnerabilidade aproveitar
Na frente dos colegas a esfregar
Seu órgão na boca dela enfiar

No necrotério a esfriar 
Sua alma já não está
Em baixo de um tarado a se esfregar
Seu rígido corpo degradar

Vermes a se arrastar
Nas entranhas de um país rudimentar
Onde os princípio são as minorias atacar
Mas a violência horrenda acobertar

O homem preso por abusar
Muitos seguidores a ganhar
O presidente a imitar
Tiros e a violência aclamar

Nos sites imorais a pesquisar
Estupro, pedofilia, necrofilia a Ganhar
O ranking das pesquisas liderar
Milhões de acessos a faturar

O feminismo invalidar
Pois é mais fácil justificar
Que as mulheres estão a odiar
Do que a violência explicar

Somos condicionados a acreditar
Que as feministas e os lgbts estão a infiltrar
A tradicional família brasileira deturpar
Para que os estupros venham a se disfarçar

Ouça as vozes a gritar
Almas destruídas a clamar
Por entre as chamas dissipar
O Eco da consciência que não se pode aguentar

Enquanto fingimos não enxergar
Eles fingem não praticar
Outros fingem não assistir e desejar
E a violência vai aumentar até a sua porta arrombar.

Indicação de música:
Leitura: Doce Veneno – Marina Luz, Misael.
Reflexão: Quem vai queimar – Pitty